Na década de 1880, no século XIX, o Engenho Central foi instalado as margens do Rio Pindaré, nos confins da Amazônia Maranhense.
O que poderia ser visto somente como mais um fato histórico, resultante da expansão capitalista na segunda metade do século XIX, pode ser interpretado, também, como um fenômeno próximo de uma aventura.
Na época, Pindaré-Mirim era um lugar remoto, no interior do Maranhão, com acesso pelo então caudaloso Rio Pindaré.
Erguer esse empreendimento, no meio da selva, com o que havia de mais avançado em termos tecnológicos na época, lembra imagens do realismo fantástico dos contos do escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez.
Lembra, também, o clássico filme Fitzcarraldo, de 1982, de Werner Herzog, quando o personagem, Brian Fitzgerald, tenta realizar o sonho de construir uma casa de ópera na Amazônia Peruana. Com ajuda de nativos, ele planeja levar seu barco a vapor, por terra, de um rio a outro da região.
O prédio do Engenho Central é um exemplar arquitetônico açucareiro, testemunho da economia agroexportadora maranhense do século XIX. Só que, a partir de 1915, entrou em declínio. Fatores diversos contribuíram para o fracasso.
Por causa do Engenho Central, inúmeras pessoas, de origem africana, foram deslocadas para trabalharem no local, a então colônia de São Pedro, habitada por índios Guajajara.
Há poucas pesquisas envolvendo o Engenho Central, sobretudo as causa do fracasso e a relação do empreendimento com a escravidão. Se existem, ainda não foram suficientemente difundidas pelas universidades.
Meu pai
Na década de 1970, passava longas férias em Pindaré-Mirim, onde meu pai era comerciante. A nossa loja ficava uma quadra antes do prédio do engenho, na Rua Pedro Leal. Nossa casa, ampla. Ficava na parte lateral do comércio, na Rua Coronel Florindo Silva.
Entre o comércio e a casa ficava um dormitório, com um quarto amplo, com várias redes, e outro quarto, menor, perto do banheiro, com uma cama grande onde papai e mamãe dormiam. Eu dormia no quarto maior, às vezes sozinho, outras com irmãos.
O comércio de meu pai era amplo e tinha, também, uma farmácia. Com esse empreendimento ela sustentava 12 filhos, em Pindaré e os que estudavam em São Luís.
Nos anos de 1970, papai me levada para cortar o cabelo em uma barbearia que ficava em frente a chaminé da usina estão abandonada. Era um imóvel com excelente localização mas sem utilidade. Chamava a atenção somente pela imponência.
Tombamento Iphan
O Engenho Central foi uma engrenagem de produção de açúcar que começou a funcionar em 1884. O empreendimento foi, também, conhecido como Companhia Progresso Agrícola do Maranhão.
O maquinário do engenho veio da Inglaterra, pela quantia de 28$000 réis. A instalação foi coordenada pelo técnico Robert Collond, da firma inglesa Fawcet Preston & Cia.
Foram 6 geradores a vapor; 1 máquina vertical, movendo duas bombas pneumáticas de bronze; 1 esteira sem fio para a cana; 1 dita sem fio para bagaço; 1 lavador de carvão e pertencentes; 1 máquina a vapor para dar movimento aos elevadores e lavador de carvão; 1 mexedor de açúcar; 1 elevador mecânico para conduzir o açúcar das turbinas; 1 alambique contínuo, sistema Savale; 1 depósito de 1.000 galões; e 1 bomba, com máquina e cadeira própria, colocada à margem do rio, com capacidade para fornecer 55.000 galões de água por hora.
O Engenho Central, um dos melhores do Brasil, possuía 500 carros de boi, 35 carroças, cerca de 50 casas de madeira e três léguas de terra apta à lavoura e 10 km de via férrea.
A marca do prédio central é a chaminé. Os paredões do imóvel são de alvenaria e o teto, laminado, é sustentado por uma estrutura de ferro.
Engenho com Ferrovia e luz elétrica
O conjunto do engenho incluiu duas grandes inovações tecnológicas.
A instalação de uma ferrovia, de 13 km, que ligava a usina aos canaviais plantados em três léguas de terra apta à lavoura, no povoado Santa Ignez. O trem tinha 105 vagões de três toneladas.
A outra inovação foi a instalação de um o sistema de iluminação elétrica, um dos primeiros do Brasil.
O Engenho Central possuía 500 carros de boi, 35 carroças, cerca de 50 casas de madeira, três léguas de terra apta à lavoura e 10 km de via férrea.
Uma das primeiras imagens do Engenho Central foi feitas pelo fotógrafo Gaudêncio Cunha, na passagem do século XIX para o XX. Foram incluídas no Album do Maranhão de 1908.
Revitalização
Engenho Central foi revitalizado por meio de uma parceria entre Governo do Estado, Prefeitura de Pindaré-Mirim, Ministério Público Federal, Ministério da Cultura e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Será a sede da Unidade Vocacional Tecnológica do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia (IEMA).
O prédio é tombado pelo Governo do Maranhão e pelo Iphan (Governo Federal).
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