Carro de boi no interior do Maranhão

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No vigor deste século XXI, alguns lugares preservam hábitos e preciosidades ancestrais que remontam outras épocas.

É o caso do carro de boi, um dos mais primitivos e simples meios de transporte, que ainda circula no interior do Maranhão. Esse veículo traduz a imagem da lentidão de tempos passados que são visíveis, hoje, no cotidiano tranquilo de gente que ousa viver uma vida simples neste século corrido e virtual.

A foto, de autoria de Nael Reis, foi captada este mês, no povoado Estiva, em Mirinzal, na Baixada Maranhense.

No Brasil, o carro de boi era tecnologia top de linha nos tempos do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, em 1549, quando começou a circular na então nascente cidade de Salvador.

O artista visual Claudio Costa acha que há varias tempos convivendo neste século XXI. Para ele, a sua cidade, Viana, localizada na região lacustre da Baixada Maranhense, ainda guarda resquícios do século XVIII em algumas formas de relações, comportamentos  e objetos como o carro de boi.

E foi exatamente no século XVIII, com o aparecimento da tropa de burros (mais rápida), que o carro de boi passou a perder a preferência como meio de transporte. Logo depois, os cavalos ganharam mais espaço, puxando carroças e carruagens, e o carro de boi começou a ser proibido por lei de transitar no centro de cidades, ficando o seu uso, cada vez mais, restrito ao meio rural.

No fim do século XIX, os veículos motorizados aceleraram o desuso do carro de boi.

O carro de boi exprime um som peculiar, chamado de canto, lamento ou gemido, que ainda é ouvido em povoados como Estiva, em áreas do Vale do Pindaré, em Viana…

Que vontade eu tenho de sair
Num carro de boi ir por aí
Estrada de terra que
Só me leva, só me leva
Nunca mais me traz

Som de Milton Nascimento / autores: Casaco e Maurício Tapajós  / LP Geraes – 1976

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