Cynthia Martins lança livro de poesia Miração

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Cynthia Carvalho Martins lança o livro Miração, na sexta-feira (17), às 19h, na galeria Vadelino Cécio, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, Praia Grande, Centro Histórico de São Luís.

A obra reúne 41 poemas da autora que, também, é professora da Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

O lançamento terá a apresentação dos artistas Hélio Martins, Urias de Oliveira, Emanuel Balata, Daty Bezerra e Zé Maria Medeiros.

A quilombola Geovania Machado Aires e Rosa Tremembé apresentarão suas produções poéticas.

Aquisição do livro on line : https://www.estantevirtual.com.br/livros/cynthia%20carvalho%20martins/miração

Revista Nova América

Recentemente a poeta Cynthia Carvalho Martins escreveu um artigo para a revista Nova América no qual destaca a ruptura como a matéria prima do poema.   Acesse a Revista NovAmerica

Entretanto, em sua postura reflexiva ela afirma: “mesmo a poesia, com suas transgressões, possui limites, relacionados à dependência a uma forma escrita. Os gêneros literários não prescindem da escrita, um modo de expressão associado a aprendizados sucessivos, a correções recorrentes e do qual o acesso é restrito”. E ela continua: “Nesse sentido, escrever, principalmente na língua do colonizador, é excludente”.

A reflexão realizada pela poeta pode parecer um tanto absurda, afinal, como falar em gêneros literários sem a escrita? Seria quase desfazer o que já está colocado, o que já é legítimo, ou seja, a construção da própria história da literatura, da ciência e da poesia. Poderia parecer ilógico, sem sentido e algo meramente alegórico.

Pensamento escrito por Cynthia Martins

Estamos vivenciando um tempo em que é preciso e necessário desfazer o óbvio, o instituído. A maneira de operar as transformações é mostrar que tudo é possível de outra maneira. As produções artísticas estão cada dia sendo mais conectadas às trajetórias de vida, não para justificar uma falta de estética, mas para deslindar a relação ‘arte’ e ‘existência’.

E a política está na arte, essa discussão de não misturar tais dimensões já não tem sentido. Equivale a pensar na existência da neutralidade.

As mulheres, por exemplo, durante muito tempo foram as ‘musas’, faladas pelo outro, quase mudas em suas belezas transformadas em objeto. Hoje, saem da condição de sem voz. Vejamos Elisa Lucinda, Maria Firmina dos Reis, Pilar, Poliana Martins, Lúcia Santos e tantas outras.

Esse reconhecimento não é gratuito, mas fruto de lutas coletivas, de uma mobilização do presente. É por isso que muitas mulheres, escritoras, do passado só agora estão ganhando visibilidade. E para isso é preciso pôr em questão as próprias produções, as próprias verdades, desfazer os limites impostos pela excludente sociedade, um limite marcado pela desigualdade econômica, mas também marcado pela intimidação de expressões consideradas menores, daqueles tolhidos em nome do consagrado. Há pouco reconhecimento das belezas profundas, essas que contrastam com a lógica do mercado, expressas em linguagens pouco formalizadas, na oralidade, nas expressões corporais, essas desamarradas, fora dos ditames da dominação imposta pela racionalidade ocidental”.

Luta

Os nós das dominações

Abriremos

Desarmemos

Com as unhas.

Retorno à mãe terra

Para Ivan Costa Quilombo, Centro de Cultura Negra

Meus olhos de mandala,

Giravam coloridos,

Davam sentido ao que era visto de todos os formatos.

Ao redor da terra cavada,

Círculos de almas entoam cânticos,

Sobre a luta do povo negro.

Palmas ritmadas,

Ritual de flores em ti,

Tambores em ti,

Averekete em ti.

Teu corpo colocado suavemente

Naquela que te derrete.

A terra recebe-te.

Desfaz-te tanto.

E nós te refazemos em tua ausência,

És colocado por teus irmãos,

Flores de muitas cores,

Vão brotar,

As lágrimas já molham,

O entoar do canto de guerra.

Lágrima    

Sangra os olhos profundos  – formato de lágrimas.

E dali mesmo escorrem  – única forma possível.

Tudo pode ser alterado,

Ri no mesmo instante,

Como alguém que oscila entre becos e céus,

Entre pontes e tesouras,

Sementes e explosões.

Presente

A

COR

DEI

PARA

VOCÊ

FIQUEI

SO

COM

A

CLA

R

IDADE

 

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