Ednardo, o pavão misterioso, que floriu o sertão

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Por Benedito Lemos Jr. (jornalista)

“Arrepare não, mas enquanto engoma a calça eu vou lhe contar” uma história de um cantor e compositor que embalou sonhos, retalhos de “uma história bem curtinha, fácil de cantar”.

Contar, narrar “porque cantar parece com não morrer, É igual a não se esquecer” como celebrava o cearense José Ednardo Soares Costa Sousa, ou simplesmente Ednardo: “a vida é que tem razão, esse voar maneiro foi ninguém que me ensinou. Não foi passarinho, foi olhar do meu amor”.

O “Pavão Misterioso”, ícone de uma juventude que transborda amor e paixões, irreverência, poesia visceral num grito liberdade, igualdade e, essencialmente, pluralidade em cantos, encantos e desencantos como “cantar parece com não morrer. É igual a não se esquecer” em uma onda de mistérios “nesse teu voar, numa cauda aberta em leque de eterno brincar”.

Ednardo, figurinha carimbada, de encontros na Área de Vivência da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís, das rotas do “Ponto de Fuga”, na Madre Deus, ou da Boca da Noite, no São Francisco, onde celebrávamos vidas e sem se preocupar por onde andei ou andarei “assim falando, pensas, que esse desespero é moda em 76 e desesperadamente” um grito em português, mesmo que descontente em um “canto torto, feito faca corte a carne de vocês”.

Assim seguíamos com os pulsos erguidos, alma no coração, o coração batendo o bumbo da paixão às vezes, com dor, “dor que não tem nome, que o meu peito devora e come, fere e maltrata, sem matar”, sem contudo, nunca desistir, desesperar e, sim, esperançar “no roçado do meu coração. Há um tempo de plantar saudade. Há um tempo de colher lembrança”.

E por fim suplicar “ô flora, meu sertão florindo, aflora o meu peito só, teu amor é um fogo, é um fogo dos teus olhos tição”, olhos sem recordar, mas celebrar o que foi e, vislumbrar a poesia por vim, o amor reacender e fogo da paixão, sempre a queimar.

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