O bloco Bota Pra Moer integra a programação oficial do carnaval maranhense que fará o circuito pela avenida Beira-Mar, centro da capital, no dia 12 de fevereiro, segunda-feira de carnaval, entre 16h e 23h. Para este ano a dupla resgata um personagem da cidade, dos anos 50 e 60 – mistura de louco e revolucionário que fez história no imaginário popular – para ocupar o carnaval da cidade com o estandarte da alegria. A ideia é levar pra rua a mensagem de que é preciso estar atento e forte, que a alegria é revolucionária.
“Escolhemos o nome dele para o bloco pela sonoridade e para registrar esse momento atual do país, em que tudo parece de cabeça para baixo como o jornal que o Bota pra Moer lia. Esse personagem nos inspira a resistir e a ocupar a rua sem temer”, afirma Luciana Simões.
Alê Muniz e Luciana Simões escreveram em parceria com o poeta Celso Borges o frevo Bota pra Moer, que traduz o espírito do que querem levar para as ruas. “Daqui pra frente a gente vai, vai, vai Bota pra moer / Na rua na praça e no palácio/Alegria do louco e do palhaço/ Esse o nosso jeito de ser/De fazer de acontecer/E acender o carnaval /Na arquibancada e na geral”, diz um trecho da letra.
“Vamos fazer uma espécie de carnaval psicotropical, misturar alegria e um pouco de loucura, trazendo músicas nossas e do repertório da Elza Soares. E ainda Caetano Veloso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Antonio Vieira e clássicos do carnaval maranhense. Mas também vai ter rock e psicodelia dos anos 70”, diz Alê Muniz.
A ligação da dupla Criolina com a folia vem de outros carnavais, sempre em projetos coletivos. Atuaram em parceria com o músico Mano Borges, realizaram Baile de Máscaras e emplacaram diversas marchinhas em concursos realizados em nível local e nacional. Eles também produziram o disco da Banda Bandida, fenômeno independente do carnaval de rua de São Luís.
A proposta visual tem inspiração em Mad Max e David Bowie em uma estética psicotropicalista. Em homenagem a Elza Soares, cujo álbum mais recente se chama A Mulher do Fim do Mundo, Alê Muniz vai encarnar o Guerreiro do Fim do Mundo enquanto Luciana Simões se veste de Gladiadora do Centro da Terra.
Bota Pra Moer
O melhor perfil desse personagem foi feito pelo compositor Lopes Bogéa no livro Pedras da Rua, lançado em 1988. Segundo Bogéa, Bota pra Moer era Antônio Lima, pernambucano de Caruaru, entroncado, de cor clara, cabeça a la Rui Barbosa. Devido a sua impressionante inteligência, logo que chegou a São Luís recebeu o apelido. Sempre que conhecia alguém perguntava o dia, mês, ano e hora que tinha nascido e em menos de um minuto fazia um cálculo mental e dizia quantos anos, meses, dias e horas aquela pessoa tinha vivido até aquele instante.
Outra faceta impressionante dele era ler com a maior naturalidade um jornal de cabeça para baixo. Bota Pra Moer usava sempre roupas de segunda mão que ganhava e quase sempre almoçava e jantava na casa do farmacêutico Garrido, proprietário da Farmácia Garrido, na Rua Grande. Os bolsos de suas calças viviam cheios de pão, que ele comia constantemente. Ali guardava também papéis e tocos de lápis para fazer seus cálculos.
Uma de suas histórias mais engraçadas aconteceu na célebre greve de 1951, que paralisou a cidade quando o povo se revoltou contra a posse do governador Eugênio Barros. Os grevistas entregaram a Bota Pra Moer a bandeira nacional e o colocaram à frente da marcha rumo ao Palácio dos Leões. Ao chegar à Praça Pedro II ele viu um grupo de policiais em frente ao Palácio e imediatamente entregou a bandeira, afirmando: “Até aqui eu vim, mas daqui pra frente arranjem outro que seja mais doido do que eu…”
BOTA PRA MOER
Com Alê Muniz e Luciana Simões
Ensaio geral – Dia 20 de janeiro, sábado, a partir das 16h
Praça Manoel Beckman (em frente ao Fanzine) – Avenida Beira-Mar
VEJA A LETRA DA MÚSICA
Bota pra moer (Alê Muniz, Celso Borges e Luciana Simões)
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
Vai querer, vai querer
Bota pra moer
Vai querer, vai querer
Pra gente poder
Sem temer sem temer sem temer
Fazer o chão tremer
Por toda a cidade
Esse o nosso jeito de ser
De fazer de acontecer
E acender o carnaval
Na arquibancada e na geral
Daqui pra frente a gente vai, vai, vai
Bota pra moer
Na rua na praça e no palácio
Alegria do louco e do palhaço
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
Tá na cara você não vê
Que a gente não dá
A cara pra bater
O que bate é o coração
Tum Tum tum
Tambor no peito
Prazer alegria e criação
Tum Tum tum
Por toda a cidade
O que bate é o coração
Tambor de felicidade
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
De poeta e louco
Todo mundo tem um pouco
Porque loucos
Somos todos em suma
Uns por pouca coisa
Outros por coisa alguma
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
Copyright © AGENDA MARANHÃO - Desenvolvido por TodayHost