Ribeirinho do Rio Anil

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Desde criança sonhava em navegar pelo Rio Anil em direção ao interior da Ilha.

Quando estudava no Jardim de Infância Antônio Lobo, na Praça Santo Antônio, São Luís tinha pouco mais de 400 mil habitantes.

Só conhecia o Rio Anil no seu estuário, em travessias de barco à ponta d’Areia e visitas ao Asilo de Mendicidade, no São Francisco. Olhava, também, meus irmãos mais velhos ‘jogando bola’ em um límpido banco de areia que havia, mais ou menos, na altura onde é, hoje, a Praça Joãosinho Trinta.

Junto com amigos, tomávamos banhos nesse rio. Traçamos um percurso bem pequeno. Na maré cheia, quando a água ‘puxava para dentro’ , pulávamos da parte mais baixa da rampa, que ficava perto da Praça Bequimão, e voltávamos rápido, sendo conduzido pela maré até um trecho em que podíamos retorna à terra firme. Alguns, mais afoitos, ensaiavam ‘nados’ um pouco mais longe. Tudo isso sem adultos por perto; somente pela Graça de Deus. Éramos ‘ribeirinhos’ do Rio Anil.

Na época, gostava dos passeios à casa de Tia Bibi e de meus primos, no Tirirical, ao clube Jaguarema, às distantes praias do Olho d’Água e Araçagi ou a São José de Ribamar, com direito a parada para banho no riacho Cururuca.

Papai tinha uma Rural e, quando passávamos pelas avenidas Getúlio Vargas e João Pessoa (hoje São Maçal), ele me disse que a cidade crescia paralela ao Rio Anil. Só que eu não via o Rio Anil, em sua extensão, a partir das avenidas por onde a Rural percorria. Era ribeirinho do estuário. Ficava sempre pensando como ele era em outros locais.

O via, algumas vezes, em alguns trechos como de uma casa de madeira, chamada Andorinha, que ficava na Usina de Bento Mendes e Dona Nega, amigos de meus pais, mais ou menos na altura da Ponte do Ipase. Essa é uma das mais antigas imagens de minha memória.

Este ano, em passeio de barco pelo Rio Anil, em comemoração ao aniversário de Marizélia Ribeiro, meu pensamento se voltou para o Meu Pai.

Em alguns momentos, sai do convívio dos que estavam no barco para entender o que estava acontecendo. E num destes instantes, antes de Ed Wilson e sobrinho dele chegarem perto, eu o vi, com precisão, dentro de minha memória.

O Rio Anil me reportou a ele como uma estaca cravada em meu coração. O vi dizendo para mim que não existe alma, visagem. Isso no meio da escuridão do dormitório do comércio da gente, em Pindaré-Mirim. Vai dormir rapaz! Era um racional, ao modo dele, doce e presente, sempre, em minha vida.

Voltei aos demais da embarcação e fotografei o Rio Anil. Veja algumas fotos abaixo.

Marizélia, Paulo e Ed

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