Festival reúne percussionistas na Praia Grande

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Foto;: Sports Câmera

Rufar dos Tambores – Festival de Percussão de São Luís acontece dia 27 de julho no Centro de Criatividade Odylo Costa Filho e homenageia em sua primeira edição o instrumentista Papete. Na programação, shows de 11 grupos maranhenses de percussão, feira de livros, discos e instrumentos e oficinas.

Papete, o homenageado no festiva

“Além de mostrar a força da diversidade rítmica e instrumental do Maranhão, o festival quer colaborar para o acesso permanente de grupos e músicos da cultura popular ao cenário local por meio de shows e oficinas, além de estimular a economia criativa das comunidades onde os tocadores estão inseridos por meio de uma feira de instrumentos artesanais, venda de livros sobre os ritmos do Maranhão e de Cds. afirma o instrumentista Luiz Claudio Farias, idealizador e diretor artístico do festival.

O Rufar dos Tambores – Festival de Percussão de São Luís será aberto com o grupo Couro e Mão, reunindo os precursores da percussão maranhense, e encerrado com o espetáculo Encantarias, que mistura cultura popular com jazz e música erudita. As outras nove atrações são: Toque de Mãos, Yluguerê, Afoxé Mina, Batuque de São Benedito (Carutapera), Boi Brilho da Sociedade (Cururupu), Abanijeun (Tambor de Taboca da Casa Fanti Ashanti), Carlos Pial, Terecô de Igaraú e Divina Batucada. Os shows acontecerão das 18h às 22h na área coberta do Odylo Costa Filho, que abrigará também feira e oficinas a partir das 15h. O evento, realizado pela Pegada Produções, será apresentado por Cris Campos, do grupo Afrôs, e vai homenagear o maranhense Papete, músico que divulgou os ritmos maranhenses no Brasil e exterior.

Além de permitir o acesso de tocadores de grupos autênticos da cultura popular ao cenário musical local, o festival quer contribuir para mostrar ao turista que visita nossa cidade a riqueza e a diversidade de ritmos ainda desconhecidos no Brasil. Mas por detrás de toda essa pluralidade sonora haverá um fio condutor. “Teremos 11 grupos no palco, cada um tocando de 15 a 20 minutos, mas vamos fazer como se fosse um grande show, criando uma unidade entre as bandas e artistas e apresentando aos poucos os instrumentos da cultura popular com suas particularidades”, afirma Luiz Claudio Farias.

Segundo ele, esse é apenas o primeiro passo de uma longa jornada. “Ano que vem vamos ampliar o evento, trazendo uma atração nacional, outra internacional e aumentando o número de grupos autênticos do interior do estado nas apresentações.

Rufar dos Tambores – Festival de Percussão de São Luís

Local: Centro de Criatividade Odylo Costa, filho – Praia Grande

Data: 27 de julho de 2018, das 15h às 22h

 

Programação

Oficina de Tambor de Crioula – das 15h às 17h

Com o Tambor de Crioula de Mestre Leonardo

Oficina de Pandeirões – das 15h às 17h

Com Carlos Pial

Feira – das 15h às 22h

Instrumentos artesanais, livros, vinis e CDs sobre os ritmos do Maranhão e comidas

Receptivo – das 17h às 18h

Tambor de Crioula de Leonardo e Boi da Ilha Turino do Alto

 

Shows – das 18h às 22h

 

Apoio Cultural

Centro de Criatividade Odylo Costa, filho; Governo do Estado MA (Sectur)

Potiguar; Porto Mearim; Agência Quadrante; Universidade Federal do Maranhão

Pousada Portas da Amazônia; Contemporânea; Jambalaia

Basarone; Gráfica Gwará e Business Solutions

 

RUFAR DOS TAMBORES

Coordenação:Pegada Produções

Produção Executiva: Suzana Fernandes

Idealização e direção artística: Luiz Claudio Farias

Produção: Ricardo Sandoval

Assistente de produção: Kadu Galvão

Perfil dos grupos

ABANIJEUN (Tambor de taboca)

Quando criança, Pai Euclides, da Casa Fanti Ashanti, começou a manusear tabocas e a tocar com outros garotos no intervalo do tambor de crioula de adultos. Era a semente para a criação do tambor de crioula de taboca, uma junção de elementos culturais indígenas oriundos do Maranhão e africanos pertencentes ao povo banto, das etnias de Angola e Cambinda. O primeiro deles nasceu e se apresentou em 1960, passando a fazer a abertura da Festa do Divino na casa. Mais tarde, o som das tabocas e dos cantos do tambor de crioula chamaram a atenção de outras crianças que começaram a aprender a cantar e a tocar. Com a orientação de Pai Euclides nasceu o ABANIJEUN, em linguagem banto, aquele que divide sua comida com os outros. O principal objetivo do grupo é repassar os saberes dos antepassados para manter viva uma cultura ancestral. O tambor de crioula de taboca passou a ser uma variação do tambor de crioula tradicional. O ABANIJEUN tem ao todo oito tocadores: Flávio Henrique, Luís Carlos Jr, Mailson Jorge, Victor Mendes, Wellington Friend, Washington Pitter, Willame Sharllyson e Ian Saulo. O coro é formado por quatro mulheres: Jucimeire Moreira, Emanuella Monteiro, Louise Caroline e Elane Joyce, que além de cantarem, dançam juntamente com as outras componentes, exibindo seus movimentos e a marcante pungada. A coordenação é de Ananelis da Conceição.

 AFOXÉ MINA

Com uma formação de quatro percussionistas, o Afoxé Mina procura resgatar as manifestações afro-brasileiras de forma inovadora. A proposta visa fortalecer a cultura afro-brasileira, além de contribuir com a cultura popular do Maranhão. A variedade do repertório privilegia os ritmos Afrobrasileiros, samba de roda, afoxé, candomblé, bumba meu boi, tambor de crioula, tambor de mina, Cacuriá, bloco tradicionais, divino espírito santo e tribo de índio, entre outros. O show Banzeiro Grande mostrará os toques de matriz africana e a religiosidade do terreiros do tambor de Mina do Maranhão. O espetáculo contará com a participação das cantoras Célia Sampaio e Dicy Rocha e homenageará aos grandes mestres da cultura popular. No repertório: músicas de Terreiro (Domínio publico) e A lavadeira e o lavrador (João do Vale).

BATUQUE DE SÃO BENEDITO

Realizado anualmente dia 6 de janeiro na sede do município de Carutapera (MA) por ocasião do festejo da igreja de São Benedito, a apresentação do batuque faz parte de uma programação que tem ainda missa, batizados, procissão e leilão. É uma festa com dois mastros: um na casa do juiz (noitante)  e outro no adro da igreja. Os batuqueiros costumam sair para a “pedição de jóias”, usando tamborinho, reco reco, tambor onça e pandeiro e firmando uma cantoria com refrões conhecidos entremeados por versos improvisados e acompanhados pela dança da assistência.

BRILHO DA SOCIEDADE (Sotaque Costa de Mão)

Um dos mais tradicionais grupos do bumba-me-boi maranhense, o Brilho da Sociedade é um dos seis grupos do sotaque Costa de Mão que ainda estão em atividade. Quinze anos atrás eram 18, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Conhecido pela batida do pandeiro que é feita com as costas das mãos, os grupos são originários da região do Litoral Ocidental Maranhense, tendo como berço o município de Cururupu. Seu ritmo é cadenciado, marcado por instrumentos de percussão, como caixa, maracá e pandeiro. A Superintendênca do IPHAN lançou em maio último o Ano do Bumba Meu Boi Costa de Mão, que prevê a realização de ações de salvaguarda e promoção dos bois para valorizar o sotaque em São Luís, Cururupu, Bacuri e Serrano do Maranhão.

CARLOS PIAL

Percussionista com quatro CDs gravados: Maranhafricanizado (2002), Perfusão (2005), Etnia (2012) e Misturado (2014) e dois DVDs: Alquimia dos Sons e Videoaula de Cajon – Ritmos Brasileiros. Em seus trabalhos os tambores da cultura popular misturam-se com facetas eletrônicas, efeitos diversos e uma pegada suingada e contemporânea. Participou de festivais e eventos musicais no Brasil e no Exterior, inclusive uma turnê pela Europa (Alemanha, Suíça, Inglaterra e Portugal). Entre os prêmios que ganhou estão o de Melhor Intérprete do Festival de Música da Rádio Nacional FM Brasília (2011) e o de Melhor Música Instrumental (Universidade FM, São Luís, 2003). Já dividiu o palco com grandes artistas nacionais e internacionais, entre eles Eric Donaldson, Terry Winter, Naná Vasconcelos, Daúde, Jair Rodrigues e Negra Li. Atualmente mora em Brasília e divide o tempo dando aulas no Instituto Carlos Pial (ICP), realizando shows, gravando e ministrando oficinas e workshops pelo Brasil

GRUPO COURO E MÃO

Grupo que abre o festival e que reúne alguns dos pioneiros da percussão maranhense no palco: Jecowisky Pereira, Zé Roberto, Lázaro, Marquinhos Carcará e Madson Peixoto.  Os percussionistas da velha guarda trabalham com a diversidade dos ritmos maranhenses e sua divulgação em território nacional e internacional.  Para o show no Rufar dos Tambores serão montados temas com fusões rítmicas de células diferentes, entre elas as fusões do Boi de Pindaré com o boi de matraca e o tambor de crioula com o boi de zabumba.

 DIVINA BATUCADA

Fundada em 2005, a DIVINA BATUCADA se inspira nas antigas turmas de samba como os Fuzileiros da Fuzarca, Turma do Quinto e Vira-Latas e homenageia os grandes nomes da velha guarda do samba tradicional maranhense cantando, principalmente, canções que marcaram a história dos antigos carnavais. Em seus shows nomes como Timóteo, Henrique Sapo, Cristóvão Alô Brasil, Duquinha, Zebedeu, Fidélis, Paletó, Luís de França, Zé Pivó, Roseno, Vavá, Jorge Meirelles, Totó, Caboquinho, Mestre Orfila, Carlos Lima, Bibi Silva, Patativa e Antonio Vieira entre tantos outros, formam a base do seu repertório, que traz ainda composições originais do grupo, também inspiradas no samba tradicional do Maranhão. O grupo foi inicialmente composto por batuqueiros-ritmistas maranhenses mas já agregou músicos paulistas de cordas.

ENCANTARIAS

Show do percussionista Luiz Claudio, originado no EP de mesmo gravado em 2017. No palco, possibilidades de diálogos rítmicos e melódicos entre as tradições populares maranhenses com a World Music ou World Jazz. Acompanhado por Jeff Soares (contrabaixo, violão e violoncelo), Ricardo Sandoval (percussão), Kadu Galvão (percussão), Ramon Pinheiro (trompete e flugehorn) e Elder Ferreira (trombone), Encantarias apresenta arranjos elaborados ancorados pelos ritmos ancestrais do Maranhão, com texturas harmônicas sofisticadas que valorizam as melodias e retratam em cada tema o sincretismo musical entre o erudito, o religioso e o popular que acontecem nos terreiros e igrejas, durante as festas populares do Maranhão.   

 TERECÔ DE IGARAÚ

Brincadeira de cordão de voluntários realizada sempre no dia 25 de janeiro, em homenagem à Nossa Senhora de Belém. Faz parte de uma tradição antiga, de mais de 200 anos, em que três tambores são batidos por mulheres do Igaraú, localidade do interior da ilha de São Luís. Na apresentação do Terecô no Festival de Percussão a brincadeira terá a participação de quatro senhoras da comunidade, que estarão cantando e tocando: Maria de Jesus, Maria do Carmo, Lúcia Maria e Romualda Gamboa. Durante algum tempo, a palavra Terecô poderia ter se originado da imitação do som dos tambores da Mata (“terêcô, terêcô, terêcô”), mas recentemente a antropóloga e linguista Yeda Pessoa de Castro esclareceu que sua origem pode ser banto e ter sido derivada de “intelêkô” e ter o mesmo significado que Candomblé.

TOQUE DE MÃOS

Grupo criado pelos músicos percussionistas Luciano Lima, Henderson Moura, Lucas Elvas e Ricardo Sandoval, com o objetivo de evidenciar e difundir a música e cultura nordestina, sobretudo a maranhense. A vivência musical dos integrantes do Toque de Mãos passa pelo samba, forró, bloco tradicional e bumba boi, entre outros gêneros da cultura maranhense. Alguns têm trabalhos realizados com a OSB (Orquestra Sinfônica Brasileira), grupos de bumba-meu-boi, além de já terem acompanhado artistas como a cantora Alcione e o compositor Rogério do Maranhão. A proposta do Toque de Mãos é fazer um trabalho musical instrumental com a presença marcante de teclado e percussão.

YLÚGUERÊ

Ylúguerê é um neologismo das palavras Ylú e Aguerê, do dialeto africano Yorubá, somatória entre o tambor, o toque e a dança de deuses afrobrasileiros. Criada em 2014, a banda faz parte do Instituto Ylúguerê de Educação, Política e Cultural afrobrasileira, entidade sem fins lucrativos que promove a diversidade cultural por meio de ações sócio culturais. No repertório, destaque para músicas com cunho de protesto ao sistema escravocrata e ao preconceito racial, além de afirmação étnica que exalta a cultura, a religião e a beleza negra. O Yluguerê propõe ao público uma reflexão sobre as relações entre as desigualdades sociais e o racismo existente na sociedade, bem como um olhar positivo sobre as manifestações culturais afrobrasileiras. Para realizar esse diálogo musicado, o grupo conta com um time de artistas militantes do movimento negro do estado, que tiveram suas formações em casas do culto de matriz africana, escolas de samba, grupos de tambor de crioula e bumba-meu-boi, Escola de Música Lilah Lisboa e blocos afro.

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