Enquanto se prepara o futuro espacial de Alcântara, o Rio Pepital agoniza

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No Dia Mundial da Água (22 de março), o cineasta e jornalista Cláudio Farias e a jornalista Marilda Mascarenhas alertam para o risco de morte do Rio Pepital, que abastece o município de Alcântara. Veja texto e fotos no site Agenda Maranhão.

Enquanto se prepara o futuro espacial de Alcântara, o Rio Pepital agoniza

Fotos: Cláudio Farias (cineasta e jornalista)

Arte: Zeferina

Edição: Marilda Mascarenhas (jornalista)

Sem água, não tem vida… É simples. Mas não tem sido fácil a peleja do seu João Maleta, agricultor na agrovila Pepital, para salvar da morte o Rio Pepital, que abastece a cidade de Alcântara e o lençol freático das comunidades que habitam o seu entorno.

A voz do seu Maleta apenas começou a ser ouvida quando foi lançado o primeiro programa da TV Tapuia, experiência de comunicação comunitária, coordenada nós, pelos jornalistas Cláudio Farias e Marilda Mascarenhas, que capacitou dez jovens da comunidade para registrar temas de importância vital para o desenvolvimento sustentável do município, através de uma parceria entre a ONG Comunica Alcântara e OCA Praia do Barco, com apoio do BNB Cultura.

O alerta do agricultor rendeu um pequeno documentário (Pepital O Rio de Nossas Vidas) que sensibilizou pesquisadores e estudantes do Mestrado de Agroecologia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), coordenados pelo professor Guillaume Rousseau, e deu origem ao Projeto Pepital – Floresta no solo, Água no Rio.

Lançado em 2012, o Projeto já produziu uma série de estudos para um Plano de Restauração Participativa do Rio Pepital e, com um pequeno apoio da Fapema e Capes, para bolsas de pesquisa e extensão,  vem desenvolvendo práticas ecológicas com agricultores como o seu João Barroso, da agrovila Espera, outro extremamente preocupado com o estado crítico de degradação que se encontra o rio. Junto com os agricultores Agemiro Silva e Alexandrina, eles estão recebendo orientações técnicas do Projeto e provando que é possível produzir sem destruir, com a roça sem fogo e a novidade da agrofloresta, plantando a roça junto com a floresta para ajudar a manter a água do rio.

Afinal, como lembra o seu Barroso, a árvore vale por duas vidas, a dela e a do rio… Se tira a árvore, o rio não resiste, morre. O Pepital está em estado terminal, enquanto se discute o futuro da nova era espacial e ninguém parece ouvir o lamento e o grito de socorro que vem das profundezas do rio e encontrou eco na luta de alguns poucos heróis da resistência.

Ensaio produzido a partir do documentário Pepital O Rio de Nossas Vidas.

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