Há anos Francisco F. Filho pesquisa a história das charges no Maranhão, sobretudo as publicadas em jornais do Maranhão no século XIX. Ele é pesquisador, escritor, com mestrado pela UFRJ e professor do IFMA.
O nome da charge que ele apresenta aqui, no site Agenda Maranhão, a convite dos jornalistas Ed Wilson Araújo e José Reinaldo Martins, é Orfeu nos Infernos. Foi uma das primeiras ilustrações publicadas em um jornal do Maranhão. Saiu na edição n° 10 do periódico A Flecha, em 1879. O autor é João Afonso.
“O ano de 1879 foi marcado por algumas epidemias. Além da febre perniciosa (que não é possível identificarmos aqui), houve ocorrências de beribéri e varíola. Esta última assolava o Nordeste brasileiro, com milhares de mortes em localidades como o Ceará”, afirma o pesquisador.
As enfermidades, de tanto atingirem o Maranhão, estavam se tornando endêmicas como afirmou texto publicado, nos dias 18 de maio e 7 de setembro de 1879 (sempre na pg. 2) do jornal Diário do Maranhão. No periódico está escrito: “Por falta de administração e pelo descaso das autoridades, a saúde do povo estava ameaçada”.
Havia uma negligência administrativa, na época, presente em setores como as administrações da cidade e da província e a Inspetoria de Saúde, enquanto as epidemias assolavam a população.
Nesta charge, que é uma forte denúncia, a morte é personificada em uma caveira que traz um aguilhão com a etiqueta “febre perniciosa”. Embaixo, aparecem referências a vários setores públicos da província personificados.
Ao fundo da cena, corujas, morcegos, demônios e um personagem enigmático (provavelmente Dom Pedro II) em silhueta, andando de mansinho – tudo contribuindo para deixar a cena terrificante e apocalítica.
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