Praça João Lisboa: circuito de arte, cultura e manifestações políticas e sociais

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Texto e foto: Benedito Lemos Jr

Não faz muito tempo, não é que eu seja novinho, a Praça João Lisboa, hoje em reforma, fazia parte de um “curto circuito” que pulsava em São Luís, além de ser um dos mais belos recantos e encantos da capital maranhense.

A “região” fazia parte de nosso roteiro, quase rotineiro, de todos os finais de semana: aquela cachacinha no final de tarde na Feira da Praia Grande, a cerveja no Bar da Faustina, os espetáculos no Teatro Arthur Azevedo, um dos mais belos e antigos teatros do Brasil, a visita a amigos que se abrigavam em casarões nas imediações e o quase sempre o lanche e a “última ou saideira” no Abrigo da João Lisboa.

Entre esses personagens célebres quase sempre encontrávamos o “mago da fotografia”, o fotógrafo Luiz Gonzaga Frazão, o Mobi, que morava em um casarão na Praça João Lisboa, onde ficávamos horas filosofando tudo ou nada, em imagens “branco e preto” de uma realidade quase muito cruel, mas revestida, de sonhos, “viagens”, e de lutas inglórias em busca de liberdade e paz.

Nesse “curto circuito”, ainda tinha o Hotel Central, o Cine Roxy, as vielas e os becos escuros, que escondiam a falsa moralidade de São Luís, onde muitos se permitiam viver e “sonhar” seus sonhos.

A Praça João também integra a história de muitos fatos políticos como a batalha entre holandeses e portugueses, local da primeira feira ou mercado da cidade, do pelourinho destruído após a Proclamação da República, bem como, mais recente, local de passagem ou concentração de passeatas em busca de uma sociedade melhor e mais justa.

É bom lembrar que, nesse perímetro, estão inclusos o Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, e o Palácio de La Raverdière, sede do poder executivo municipal, de onde deveriam emanar ações e realizações sempre tendo como o âmago o bem-estar de todos, independentemente de suas convicções, sejam elas quais forem.

Agora, a Praça João Lisboa passa por uma reforma. Muitas obras já foram feitas para revitalizar o Centro Histórico de São Luís, mas parece, que todas esquecem a “humanização” da área.

Não adianta fazer belas e imponentes obras, para “inglês ver”, se não tivermos como parâmetro fundamental, como essência  “a vida” de todos que fazem parte ou moram nesse belo recanto de São Luís, onde com todas as diferencias ou indiferenças povoam e dão vida, arte e poesia a “paredes e amor”, de uma bela e inspirável pedaço de quase todos nós.

Não podia deixar de aqui mencionar os jornalistas José Reinaldo Martins, que transcreveu e viveu inúmeras vivências e matérias em diversos jornais, e ao companheiro de brigas eternas e, hoje, professor doutor da Universidade Federal do Maranhão, Ed Wilson Araújo.

Citar todos seria prolixo e cansativo, mas para tentar compensar um pouco essa amnésia repentina uma canção, um hino, que fez parte da minha geração, Flora, de Ednardo: “No roçado do meu coração, há um tempo de plantar saudade, há um tempo de colher lembrança”, mas há sempre e eternamente o tempo de “Florar, o meu sertão florindo, teu amor, e dos teus olhos tição”.

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