Cynthia Martins em busca do Gonçalves Dias etnógrafo

No ano do bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias (1823-1864), a pesquisadora maranhense Cynthia Carvalho Martins está analisando a dimensão etnográfica do trabalho desse autor, que é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa.

A autora está demarcando a pesquisa do poeta em relação aos indígenas no âmbito de uma expedição que Gonçalves Dias fez pelo Amazonas, nos anos de 1861 e 1862, percorrendo diversos rios como o Solimões e o Negro.

Nesta sexta-feira (14), às 15h, no auditório do Museus de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro (Rua General Bruce, 586, São Cristóvão), Cynthia Martins realiza a palestra “Etnografia: repensando os limites disciplinares”. O evento é uma promoção do MAST e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

A pesquisa não é somente sobre os estudos etnográficos de Gonçalves Dias. Envolve também trabalhos de outros dois autores.

Um é Domingos Gonçalves de Magalhães (1811-1882). Ele acompanhou Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, na Revolta da Balaiada, que aconteceu em parte das províncias do Maranhão, Piauí, de 1838 e 1841. O autor descreveu suas observações sobre a insurreição no livro “Opúsculos históricos e literários: a revolução da província do Maranhão desde 1939 até 1840”.

O terceiro é o geógrafo e etnógrafo maranhense Raimundo Lopes (1894-1941), nascido em Viana, na Baixada Maranhense, naturalista do Museu Nacional e considerado o primeiro arqueólogo maranhense.

Raimundo Lopes realizou escavações em áreas como sambaquis que existem nas proximidades de São José de Ribamar, na Ilha de São Luís (Brasil).

Na sua condição de pesquisador, esteve presente, inclusive, na recepção que cientistas brasileiros fizeram a Albert Einstein, quando ele esteve no Brasil, em 1925.

A pesquisadora estás analisando as diferentes modalidades de realização do trabalho etnográfico demarcando os procedimentos de pesquisa; as opções de escolha dos grupos a serem estudados; os vínculos institucionais dos autores e a relação com sua produção intelectual e com o tipo de dado recolhido em viagens de campo.

Cynthia Carvalho Martins é professora do Departamento de Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia, da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Atualmente está realizando a pesquisa no âmbito do pós-doutorado, na UNIRIO, com orientação da pesquisadora  Heloísa Maria Bertol Domingues.

Durante o evento no MAST, no Rio de Janeiro, haverá, também, o lançamento do livro “Paisagens culturais e gêneros de vida”, de Luíz de Castro Faria.