Por Ribamar Mendes (cineasta e cinegrafista)
No período entre 1974 a 1985, o Maranhão vivenciou o maior e mais importante movimento de cinema de sua história: o Ciclo de Cinema Super 8 do Maranhão.
No Ciclo de Cinema Super 8 do Maranhão foram produzidos, aproximadamente, 140 filme, todos de curta e média metragem (não teve nenhum longa), em película Super 8, nos gêneros documentário (maioria), ficção e experimental.
Entre os cineastas participantes do movimento, Ribamar Mendes dirigiu e produziu o filme documentário “Palácios, Palafitas”.
O filme teve apoio do Cine Clube Uirá, que funcionava na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), e foi apresentado no Festival Guarnicê de Cinema de 1980.
Ditadura Militar
Em uma cidade como a São Luís (estado do Maranhão – Brasil) do início da década de 1980, que ainda respirava os momentos finais da Ditadura Militar no Brasil, quando pouco se discutia questões como racismo, direitos das mulheres e cultura popular, o filme revelou-se, na época, uma proposta desafiadora, principalmente quando apresentava a vida de populações palafitadas.
Centro Histórico de São Luís, Camboa e Liberdade
O documentário mostra a São Luís do início da década de 1980, antes da execução do Projeto Reviver e de outras iniciativas de revitalização arquitetônica e urbanística do centro histórico da capital maranhense.
No filme, o Centro Histórico de São Luís, apresenta-se, por um lado, já decadente e abandonado e, por outro, ainda ressoando os seus tempos áureos do passado. Este cenário é contrastado com espaços de palafitas próximos, situados onde ficam os atuais bairros da Liberdade e Camboa.
O cenário decadente do Centro Histórico de São Luís da década de 1980, apresentado no filme, mudou, depois de intervenções como o Projeto Reviver. As áreas da Camboa e Liberdade também tiveram suas paisagens transformadas. A Liberdade, hoje, é uma área reconhecida como um quilombo urbano.
Forte de São Marcos
Outro detalhe são as imagens do Forte de São Marcos, com seus muros de pedra e canhões, que existia em um morro, em frente a Baia de São Marcos, em uma área entre as praias da Ponta d’Areia e São Marcos.
O espaço, hoje, ainda é delimitado como Farol de São Marcos, pela Marinha do Brasil, mas a estrutura antiga do forte desapareceu e pode ser vista no filme.
Mãe Dudu
Há, também, imagens históricas de Mãe Dudu, da Casa de Nagô; e de Jorge Itaci, da Casa de Iemanjá, no bairro Fé em Deus.
Festa do Divino
Há imagens do sincretismo religioso por meio de personagens da Festa do Divino, da Casa de Nagô, em uma missa na Igreja da Sé.
O filme
O filme “palácios, Palafitas” ainda é uma cópia telecinada, que está amarelada e desgastada pelo tempo, pois tem mais de 40 anos.
Mesmo assim, a pedido do Portal Agenda Maranhão, a cópia está sendo disponibilizada, com antecedência, ao público, antes de uma nova edição digital que está sendo cuidadosamente elaborada para um futuro lançamento.
A direção do filme é minha, Ribamar Mendes, com a participação de Hilda Chagas, Gedecy Fontes, Luíza Azevedo e Virginia Maura.
Acesso ao filme no Youtube
Imagens fotográficas extraídas do filme “Palácios, Palafitas”.
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