
Texto e fotografias: José Reinaldo Martins
Este ensaio fotográfico foi feito por volta das 5h da tarde, com o Sol caminhando “para se pôr”, na lancha de nome Cidade de Alcântara, toda de madeira, fabricada em estaleiro artesanal maranhense.
A embarcação saiu da Rampa da Praia Grande, em São Luís, neste fim de junho de 2025, em um mar calmo, para fazer o trajeto marítimo, pela Baía de São Marcos, até a cidade de Alcântara (estado do Maranhão – Brasil).
As pessoas, tranquilas e silenciosas, mais ou menos umas 50 a 70, estavam sentadas nos bancos no espaço principal da embarcação. Algumas poucas optaram em ficar em pé, na popa, apesar de alguns assentos disponíveis.
A tripulação fazia o trabalho cotidiano para garantir uma viagem segura e agradável, incluindo o condutor, dentro de uma cabine na área da proa, e dois responsáveis em manter o motor da lancha funcionando.
Uns poucos passageiros fotografavam com seus celulares.
E outras poucas pessoas se aventuravam em viajar no convés (a parte alta, do lado de fora) onde ficam as velas, que estavam fechadas. Duas ou três estavam sentadas nas bordas, se segurando nas cordas das velas e quatro ficaram deitadas no chão tirando uma soneca. E havia até uns três, em pé, falando do “resultado do futebol”, mas precisamente da Copa do Mundo de Clubes nos EUA. Neste espaço, com auxílio da luz solar, saiu este ensaio fotográfico.
A lancha avança pelo mar turvo da Baía de São Marcos e, logo, a calmaria das águas cede lugar a um mar bravio. É o Boqueirão.
E, a partir deste momento, a lancha de madeira começa a fazer dois movimentos ao mesmo tempo: um horizontal, de um lado para outro (balanço da esquerda para a direita e da direita para a esquerda), e o outro, vertical, de cima para baixo.
No movimento de cima para baixo, a lancha, às vezes, parece que vai afundar em meio às ondas, que surgem do nada no meio do mar, e ameaçam cobrir a lancha. Mas, para sossego de todos, ela emerge para a superfície do mar, “sã e salva”.
O movimento de cima para baixo e de baixo para cima, acontece ao mesmo tempo em que a lancha balança de maneira horizontal, de um lado para o outro.
Estes dois movimentos são repetidos, num vaivém, de forma contínua, enquanto a lança avança em sua navegação rumo a Alcântara, deixando São Luís para trás.
Do lado direito da embarcação a água do mar começa a respingar nas pessoas e um tripulante logo baixa as cortinas.
Somente uma passageira sentiu um leve mal-estar. Saiu dos assentos e “se acomodou’ na parte alta da escada de madeira que liga a parte de passageiros ao convés, para “pegar um vento”. Logo ficou melhor.
A maioria, porém, permanece indiferente aos movimentos laterais e verticais, como se estivessem em uma sala de espera de um consultório. Enquanto isso, a lancha navegava rumo ao seu destino com seus dois movimentos: de um lado para o outro e de cima para baixo. O de cima para baixo pode ser traduzido, também, como “afunda não afunda”.
Uma Jovem mãe, com um bebê dormindo em seus braços, e crianças e adolescentes acompanhadas de uma senhora, todas sentadas nos bancos, deixam transparecer uma serenidade totalmente indiferente aos balanços verticais e horizontais da embarcação. E algumas aproveitam para tirar um cochilo.
A rota São Luís-Alcântara (e vice-versa) em uma lancha artesanal é sempre um momento único para mim. Mais do que uma aventura, transfigura como uma salutar experiência de vida e morte que arrisco fazer.
Mas tudo, em geral, dura menos de 1 hora. Logo Alcântara aparece e o mar volta à calmaria.
Eu, escrevendo ao celular e, ao mesmo tempo, bisbilhotando a vida na embarcação, encerro a crônica, com a aproximação da velha cidade.
Depois de descer da lancha, no frenesi da chegada, em meio a bagagens e pessoas, compro a passagem de volta para o dia seguinte e tomo fôlego para subir a imensa Ladeira do Jacaré.
Alcântara me espera!! Sempre bela, exibe bandeirinhas de São João penduradas nas ruas próximas à Praça da Matriz.
É hora de descansar de São Luís.





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